Arquivo para dezembro \08\-03:00 2008

A vizinha do quinto andar

Certo dia, João resolve fazer um jantar e convida a vizinha do quinto andar do prédio em que mora para apreciar os seus dotes culinários. Ele, um cara pretensioso, fez o que sabe de melhor para tentar conquistá-la. Arrumou a mesa, escolheu bem os ingredientes e acertou na meia luz da sala de jantar. Achando que ia arrasar naquela noite, não imaginou que os camarões flambados no conhaque causariam um ataque alérgico daqueles à convidada.

A garota chegou por volta das sete e meia, com o cabelo ainda molhado, um vestidinho branco arrasador e disfarçando bem a sua pretensão de ter uma noite maravilhosa com o João. Ela se mantém discreta, com um sorriso encantador e disfarçando a sua malícia. A Lili que tinha em média uns vinte e oito anos e era recém chegada na vizinhança, não resistiu ao cheiro que sentia dos camarões e atacou.

Na primeira garfada, Lili, começou a se coçar e quando menos espera já estava toda vermelha e com dificuldade para respirar. João sem saber o que fazer, e ainda por cima preocupado com a medida do sal na comida, não conta outra, agarra a garota pelo colo, entra no elevador e se encaminha para o hospital do bairro. Chegando lá Lili é atendida pelo plantonista que lhe dá um antialérgico e leva a menina para repousar.

João espera paciente pela melhora da sua vizinha, que, aliás, aparentava ser mais gostosa do que a sobremesa que tinha preparado com o açúcar pedido emprestado lá no quinto andar, no apartamento 502, onde conhecerá. E por volta de uma da matina a garota recebe alta e o João todo envergonhado leva a garota pra casa. Durante o caminho João se desculpou por não saber da alérgia da garota e ainda (para não perder a oportunidade) aproveitou para perguntar se o paladar tinha agradado.

Chegando lá a Lili, que não agüentava mais os pedidos de desculpas, agarrou o João, numa daquelas medidas “cala boca e beija logo” e eles se curtiram durante um bom tempo, até que famintos resolveram comer. Os camarões ainda estavam na mesa, e continuaram lá até o outro dia. O lanche da madrugada: sanduíche com queijo e presunto. Os dois: duraram mais do que os camarões em cima da mesa, estão juntos até hoje. Só que quem prepara a comida é a própria Lili.

Bisteca de porco

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Bisteca de porco no molho de cerveja preta, com batatas e azeitonas

A vaca asiática

o cara era apaixonado pela loira gostosa. Moça inteligente, sedutora e que contava com uma infinidade de admiradores. Namorá-la era tirar a sorte grande. Ele teve o privilégio, ao ser convidado por ela para uma festa na repartição. Ele detestava as festas na repartição. Mas a companhia valia acompanhar até velório. Festa chata, gente esquisita (eita, mas isso é uma música do legião).

Ela convidou para irem embora dali. Queria algo mais intimista, mais descontraído. Ele sugeriu o bar do Moreira. Grande Moreira, o fofoqueiro especial da turma que jogava porrinha na praia. Queria exibir sua companhia. Naquele vestido, mesmo que ele não quisesse, ela se auto-exibiria. Depois de alguns drinks, ela sussurrou algo no ouvido dele. Motel. Que ele entendeu Hotel. Olhou para o Meliá diante de si. Não, não. Mê o Mó, saca? Motel.

Ele ficou branco. Ela, vermelha. Foram. No caminho, ela foi contando das suas fantasias. Dizia que sonhava ser lambuzada de chantily. Ele delirou. Foi ao paraíso. Entraram no mais luxuoso deles. Ele interfonou e pediu um chantily especial. Importado. Feito de leite de vacas asiáticas albinas. Ela foi tirando a roupa, mostrando um corpo sensual e rijo. Ela própria foi demarcando o caminho a ser percorrido pela boca do outro. Pescoço de chantily, seios de chantily, barriga de chantily.

Quando ela avisou que estava preparada, ele apanhou uma colher e saiu raspando todo o produto do corpo da mulher. Adorava chantily. Depois de comer todo o produto, procurou a embalagem. Guardou o nome. Nunca mais deixou de comer chantily de vacas asiáticas albinas.

Enviado por um leitor que gosta de chantily e prefere não se identificar.

No paladar popular

Na última sexta-feira, a parada para a pequena refeição foi na lanchonete Caldilar, que funciona a 48 anos no bairro histórico do Jaraguá, em Maceió. O cardápio do recinto, bem diversificado com vários sucos, bebidas e sanduíches, é dedicado a pessoas com o paladar popular. Apesar do ambiente ser diferente dos elegantes restaurantes da área nobre da cidade, o atendimento lá é de primeira classe.

O pedido do senhor que havia saído do trabalho e dava uma passadinha por lá: conhaque de alcatrão. – O preto. Só quero desse, afirmou. O garçom não relutou, serviu a bebida com mel e limão para dar uma aliviada no gosto amargo (sabor descrito por alguns amigos. Ficarei devendo essa). Numa golada só, o desejo do então trabalhador descia suave para esquentar o fim de semana.

Enquanto isso, o escritor ficava apenas no sanduíche de queijo coalho quente e no suco de laranja  para ajudar a encarar a redação do jornal na mesma sexta-feira. Interessante é que lá, o suco é servido no copo e acompanhado com o “copo do liquidificador”, e isso no bom precinho que não faz falta na balança do bolso, pertinho do fim do mês.


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