Carlinhos tinha 12 anos e era muito experto. Esses meninos de hoje já sabem de todo o bê-á-bá, só não entendia uma coisa, como os canibais namoravam. Na escola tinha receio de perguntar a professora com medo de ser expulso da classe. Passou o tempo e Carlinhos nunca se conformou com aquela dúvida, agora com mais idade e aparentemente com mais juízo, que alguns desconfiavam claro, começou a pesquisar e conversar com outras pessoas tentando resolver o enigma que tinha desde criança, só que os outros não davam muita atenção às suas conversas.
Leu muito sobre o assunto e viu até o Hopkins no cinema, como o Doutor Hannibal Lecter, no antigo clássico, só não se conformava como ninguém questionava os relacionamentos amorosos desses canibais. Até que um dia, depois de umas doses de uísque, encontrou um amigo que aceitou o diálogo, no mínimo por que não batia bem da cabeça, tinha tomado umas duas e já passava das onze horas de um sábado.
– Oh João, quando um canibal diz que vai comer a mulher, ele fala em sentido figurado, ou tasca o dente mesmo?, pergunta Carlinhos.
João sem compreender direito as palavras do amigo, e vendo tudo em dobro, replica.
– Agora Carlinhos, imagine a confusão se o canibal tiver um paladar aguçado, e ficar sem saber se o melhor é comer ou “comer” a companheira.
O bate-papo rolando, já pelas três da manhã e a garrafa do uísque escocês, 12 anos, perto do fim, toca o telefone de Carlinhos. Era a sua mulher perguntando a que horas ele chegaria em casa. Recém-casado, tinha voltado da lua-de-mel há algumas semanas. Ele atende, diz que está apenas na saideira e que logo estaria em casa.
João que encontrava com o amigo pela primeira vez desde o casamento, questionou.
– Agora imagine a Lua-de-mel de um canibal?
E Carlinhos.
– Fodeu, casou, “comeu” e enviuvou.